Hoje, no facebook, vi uma pergunta engraçada e que dá pano para mangas. O que não toleravas numa relação a dois? Havia montes de respostas, montes de opiniões. Eu dei a minha, numa relação, o que eu mais prezo, é o respeito que tenho por mim própria, pelas minhas decisões. Mas, à primeira vista, o que é que isto tem a ver com o outro, o que pode o outro fazer para influenciar as minhas decisões, o facto de gostar ou não de mim? E, respondo eu, tem tudo a ver.
É muito importante que gostemos de nós, que o outro respeite o nosso espaço, os nossos gostos, os nossos afectos, as nossas manias, os nosso defeitos e qualidades, tal como é essencial que façamos o mesmo em relação a ele. E é isso o principio, o meio e o fim duma boa relação. Temos que nos sentir confortáveis, tanto de pijama, sem os dentes lavados e desgrenhadas, como com o nosso melhor vestido, cheirosas e penteadas de salto alto. Porque a vida tem os dois lados, quer queiramos, quer não. E não há volta a dar, ou confiamos na pessoa com quem estamos e ela nos respeita, ou mais vale estarmos sozinhas.
É claro que eu, quando tinha 20 anos, não sabia isto. Nem aos 30, quando sonhava ainda com o príncipe encantado, numa vida perfeita, mas sei-o agora e isso é que importa.
Claro que a violência física ou psicológica, os ciúmes, o antagonismo de valores, o controlo, todas essas coisas são negativas, (sei do que falo, pois já as vivi) são más, mas elas só acontecem a quem não tem respeito por si mesma, e se deixa ir, numa onda de paixão avassaladora e, tantas vezes, doentia. O amor a sério, é saudável, tolerante, bondoso, apesar de crítico, não perdoa grandes falhas, mas é generoso e vai aumentando, embora nunca seja igual. Ora é mais apaixonado, ora mais cerebral, ora mais espiritual, ora mais carnal, ou todas as coisas juntas, ora nenhuma delas. Mas é amor e nunca deixa de o ser. E não faz mal que andemos pela casa de rolos na cabeça, não será por isso que o amor acaba. Acaba é se não gostarmos de nós próprias. E já agora, de quem está connosco.