É oficial, mais que oficial, estou com depressão há muito tempo, mas tenho fingido que não é nada comigo. Só que é, e impede-me de ser eu, de estar feliz, sinto-me sempre mal, cansada, triste, saturada, irascível, quase à beira da loucura. Há alturas em que tenho mesmo medo de mim própria, tão não é o desvario, medo de fazer alguma loucura, de magoar alguém, do que digo, do que não digo. Ela veio de mansinho, foi o fruto do que se passou num passado muito recente, e tem-se instalado à vontade, sem fazer barulho. A situação é propícia a isso, com a minha mãe velhota e com bastantes problemas com o Parkinson e surda que nem uma porta, sinto-me demasiado sozinha, demasiado triste, demasiado perdida. Este blog é muito importante, não é apenas um blog, é um local onde sinto que não estou sozinha, onde vejo que tenho pessoas que me lêem, que lamento não falarem comigo, nem comentarem o que escrevo, mas é uma janela aberta, com alguma luz desse lado. E é precisamente isso que procuro, mais luz para a minha vida, mais espaço para me sentir feliz, mais sorrisos, mais sentimentos positivos. Durante a vida quase toda, achei que não era digna de ser feliz, que o meu destino estava traçado, foram muitos anos muito difíceis. Mas Deus mostrou-me o quanto estava errada, e mostrou-me que o presente pode ser muito bom, basta vivê-lo. Por isso, amanhã, faço-me à caixa do anti depressivo. Ou não me chame Margarida Isabel.