21/05/2014

Eu e Ele

Nós, eu e o meu homem, somos muito diferentes. Em muitas coisas. Vimos de mundos diferentes, ele de campo e terra, eu de betão e cimento, eu de família pouco dada a convenções, ele habituado a essas coisas. Eu sempre com mais liberdade, ele mais conservador. Felizmente ambos temos os mesmos valores essenciais, sem os quais uma relação não funciona, valores esses que valorizamos mais do que tudo. Depois temos o mundo que fomos construindo, um mundo feito de muita cumplicidade, de aprendizagem, de carinho. Eu sinto-me bem no mundo dele e penso que ele se sente bem, no meu. Aprendemos a ouvir, a dar valor ao mundo um do outro, a dar importância às coisas do outro, sem nos esquecermos das nossas próprias. E só assim vejo o amor, que é aquela coisa que se molda, que se consegue, sem esforço, meter dentro do nosso coração e aceitá-la como se fosse nossa. O meu homem percebe de plantas e árvores e peixes e sabe quando se devem semear as batatas e os pepinos e os melões. Ensinou-me que as cerejas nascem duma árvore, e não são semeadas, como eu pensava. Eu ensinei-o a gostar de sapateira e mostrei-lhe que as ameijoas se comem à mão, e podemos fazer barulho para as comer. Temos aprendido muito um com o outro, mas essa aprendizagem é fruto de paciência, vontade, ternura. É da vontade de muito querermos, que estamos juntos e apaixonados um pelo outro. O amor não é aquela coisa dos livros e das revistas, o amor é o aqui e agora, é o respeito, a confiança e a tolerância pelo outro. É o dia a dia, os sorrisos que arrancamos um ao outro, é aquela palavra na hora certa, é aquele olhar, é aquela pessoa que está ali, sempre que preciso. E isso é o mais importante. Isso e aqueles olhos verdes, que me tiram o sono quase há 6 anos.

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