20/04/2014

Boa Páscoa!




Sempre consegui "engavetar" a minha vida. A infância e adolescência devidamente compartimentadas, e religiosamente guardadas na minha cabeça, aquele lado reservado à coisas infinitamente boas e felizes. Depois disso tudo, a morte do meu pai, que vai pairar sempre e será das últimas coisas a serem guardadas. No meio disto, a minha vida. Um casamento fracassado, um bebé perdido, a família desmembrada e "morta", o desaparecimento dos amigos, as mudanças de terra, a minha própria morte tão perto duas ou três vezes. Como se digere isto? Pondo cada pedacinho numa parte do cérebro onde só vou em última instância. Onde raramente vou, ou apareço sem querer. Nada disto é fácil, mas sou a prova de que se consegue, se se quiser. A minha mãe" levada" pelo Parkinson, deu lugar a uma mulher estranha, que mal conheço e com a qual não consigo comunicar. Sorrisos, pois a vida só se consegue levar a sorrir. Deus existe, está em cada um de nós, mas é preciso procurar. O meu homem na família desmembrada dele. Eu aqui, na pior parte de mim. As gavetas da minha vida silenciosas, com medo se abrirem. É Páscoa, tempo de abrir o coração e deixar entrar as coisas positivas. Ao meu lado, apenas o silencio. Amanhã é um novo dia ♥

2 comentários:

  1. O teu texto arrepiou-me, Margarida.
    Acho que as pessoas fantásticas não se constroem por acaso. Por vezes, são assim devido ao percurso de vida que tiveram. São assim pela força que tiverem de demonstrar. És uma grande pessoa, uma grande mulher, Margarida. Nunca te esqueças disso.
    Que Deus te abençoe sempre.

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  2. Ana, sempre simpática :) Um beijinho grande, um xi coração

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Obrigada pelo comentário!