Lembro-me de ti, com orgulho. O sorriso franco, os fatos impecáveis, as gravatas bonitas, o perfume quase sempre comprado por mim, a alegria de viver. Eras um borgas, adoravas comer e beber com os amigos, sair à noite, noitadas, fados e conversa da boa. Eras completamente focado no teu trabalho e um dos melhores naquilo que fazias. Zangava-me sempre contigo, por não teres horários e mal ter tempo para te ver. Um dia, cantaste um fado só para mim, e eu, não tive vergonha que mo tivesses dedicado, tive orgulho de ser tua filha, mesmo perante uma sala cheia. Eras apaixonado pela vida, pelas coisas bonitas e boas, pela qualidade, pela beleza. Não me lembro das tuas gargalhadas, mas lembro-me claramente do teu sorriso e do teu sentido de humor. Eras excessivo, adoravas correr riscos, só assim a vida fazia sentido para ti. Não corrias, mas todos os fins de semana andavas quilómetros, eras magro, atraente. As mulheres desejavam-te e os homens invejavam-te. Tinhas um defeito grande, só pensavas em ti, e isso afectou-nos aos três, a mim e à mãe, também. Eras melómano, ensinaste-me a gostar de música, naquele gira discos pequenino que veio da Alemanha, e eu que não teria mais que 3 anos, já ouvia Vinicios e Amália, encantada. Eu amava-te muito, amo-te muito. Embora não te veja há 24 anos, sinto-te sempre a meu lado, és uma boa companhia. Sempre adorei ser a menina do papá, mimada e protegida por ti. Muitas vezes tento imaginar como serias hoje, o que farias, qual seria a tua reacção a determinada coisa. Tenho, tal como tu, uma imaginação fértil. Sei que foste o único homem com quem me entendi, somente com o olhar. Tenho muito orgulho em ser tua filha. E conto com a tua ajuda, sempre. Um beijinho pai, hoje é o teu dia. Até logo.
P.S- O que é que ofereço à mãe, que maravilhosamente fez de mãe e pai, estes anos todos?
P.S- O que é que ofereço à mãe, que maravilhosamente fez de mãe e pai, estes anos todos?
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