13/02/2014

As "descontraídas"

Não me preocupo demasiado com as aparências, quem me conhece sabe que sou uma alma selvagem, difícil de domesticar. Não faço nada para ser assim, nasci assim, se bem que ultimamente ande a limar arestas. Não tenho assim muitos preconceitos, e não me faz confusão ir para a rua em cuecas, como também posso ir muito bem vestida. Não reparo nesses pormenores, a sério. Não uso soutien, porque me aperta, usei ceroulas quando era pequena, porque tinha frio nas pernas. Não gosto de normas  nem de regras, mas também não me fazem impressão, as coisas são o que são. Mas há uma coisa ( de entre milhares) que são as chamadas pessoas "descontraídas". Aquele tipo de pessoa que quer à viva força ser descontraída, que quer fazer ver aos outros que ali, não há stress, nunca. Que é uma maravilha, agradece estar viva, e o resto que se lixe. Que é o cúmulo da descontração, uma paz de alma. Uma pessoa que está sempre relaxada, de bem com a vida, satisfeita. Acha uma graça desgraçada a tudo, no fundo, é muito blasé, não há mal que lhe chegue. Só falta ter uma placa na testa, a dizer " sou descontraída".
Não suporto o género. Depois é vê-las, têm que usar óculos, é um drama, têm que ir ao médico, uma catástrofe, têm que usar saltos rasos, o horror, têm falta de dinheiro e parece que o mundo vai acabar.
Quando chega ali a hora H, perdem a descontração toda, falta-lhes o savoir faire, engasgam-se com as dificuldades. Esquecem-se que todos nós somos diferentes, que é na diversidade que está a graça, aquela característica que nos torna únicos., irrepetíveis. Até podemos ser uns "coninhas", uns despegados, uns filhos da mãe, umas boas almas, o que importa é sermos verdadeiros.
Isto é uma coisa de família, o meu pai também não suportava gente com a mania de descontração. Isso e senhoras que varrem a rua e fumam ao mesmo tempo, é coisa para nos estragar o dia.

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