Hoje partilho convosco uma história minha, que faz parte dum passado muuuito longínquo, mas do qual me lembro ainda bem.
Há séculos atrás, tinha eu 26 anos, decidi casar. Como o noivo não era católico, decidiu-se fazer a coisa só no registo civil. E como tinha uma relação tão conturbada, tão neurótica e tão doentia com o sr. em questão, fiz questão de me agarrar a Santo António, para me ajudar naquela coisa tão complicada. Ora, para começar fui à igreja de Santo António, pedir ao padre para me benzer as alianças, toda eu nervos, toda eu fé. Dias depois o noivo tem um acidente de carro e quase se mata. Temi o pior, mas rezei, rezei e ele lá se aguentou. Casámos no último dia da licença de casamento, porque senão tínhamos que ir pedir outra e sinceramente não havia nem dinheiro, nem vontade. No dia do casamento, ele não queria casar. Porque estava todo partido, porque não lhe apetecia vestir o fato, porque isto e aquilo e vá de eu pedir a Santo António que a coisa se recompusesse. E a coisa deu-se, efectivamente. Lá casámos, num dia que eu considero o mais estúpido da minha vida. Estávamos a casar e na minha cabeça passavam os prazos para o aquilo durar. Não mais que 6 meses, pensei eu. Mas durou 1 ano, contra todas as expectativas.
Por isso, hoje posso dizer-vos que nesta coisa do casamento e do amor, é preciso sorte, que é, mas o resto fazemos nós. Não foi Santo António que me ofereceu o homem admirável com quem estou hoje, mas ajudou, tenho a certeza. Mas o
dirty job, isto é, desejar o homem certo, fui eu que desejei . E, pela primeira vez na vida, nisto dos amores, saí-me bem. Porque sabia que ele andava por ali. E muito honestamente, penso que foi mais um milagre. Um na lista de muitos.